sábado, 29 de janeiro de 2011

Tolkien: uma obra póstuma

Nietzsche uma vez declarou considerar-se um autor póstumo. Dizia que sua obra seria lida e compreendida em um século e não enquanto fosse seu tempo de vida. Tinha razão parcial: hoje as pessoas o lêem e até o admiram, mas poucos o entendem de fato e não consigo compreender todo o respeito que recebe. Mas, enfim, não é sobre Nietzsch que quero falar.Como muitos sabem, sou fã-paga-pau de muitas pessoas no mundo cultural. Mas, sou fã-especialista de poucas coisas nesse mesmo mundo cultural. Uma delas é Tolkien. Embora eu não manjo tanto de Tolkien como eu gostaria, ainda assim sei pesquisar muitas fontes dentro de sua obra. Por essa razão, quero falar sobre sua obra póstuma (alardeada, muitas vezes, como maior que sua obra em vida).J. R. R. Tolkien nasceu na Africa do Sul em 1892, mas em poucos anos sua família voltou para a Inglaterra. Aapaixonado pelas antigas de seu país e pela "pobreza" (?) mitológica do passado de toda a Grã-Bretanha, decidiu construir canções e contos épicos para preencher essa lacuna. Claro que ele escreveu outras coisas, mas desde cedo seu foco foi o que viria a se tornar o medlo de fantasia medieval e uma das obras mais consumidas de todos os tempos.Suas primeiras publicações, ainda no início da década de 10, foram alguns poemas não muito conhecidos ou importantes: "Battle of the Eastern Fields", "From the many-willow'd margin of the immemorial Thames", "Goblin feet" (para sua então namorada e futura esposa), "Happy Mariners", "The hoard"(numa versão em inglês arcaico), "City of gods", "The errantry", "Dragon's visit" e alguns outros. Muitos dessas obras foram compiladas no livro "As aventuras de Tom Bombadil", de 1962. Nesse livro, constam 16 poesias sobre a terra-média, supostamente compostas pelos hobbits Biblo Bolseiro, Frodo Bolseiro ou Sam Gamgee.Esse "Aventuras de Tom Bombadil" (inédito no Brasil, mas em edição portuguesa desde a década de 80) veio para suprir a falta que o público sentia de mais eventos na terra-média. Tolkien e seus editores, prefeririam lançar o "Silmarillion", contando toda a história da criação do mundo e a primeira era do Sol, mas o livro nunca ficava pronto. Agora, perguntem-me, que falta é essa que o público sentia?Em 1930, Tolkien começou a escrever o que se tornaria "O Hobbit", lançado sé em 1937. O livro infantil fez um estrondoso sucesso e a editora decidiu que Tolkien deveria continuar a narrar aventuras de hobbits na Terra-média. Assim, ele pensou e começou a escrever "O Retorno da Sombra", misturando hobbits com a mitologia que estava criando para a Inglaterra. Essa mitologia vinha sendo escrita desde 1914 com o título de "Book of Lost Tales". Tolkien terminou de escrevê-la em 1923, mas pensou que poderia melhorá-la e fazer dela um mitologia para os primeiros dias do mundo como um todo, e não do seu país. Dessa forma, todas as mitologias deveriam estar contidas ali, bem como todos os heróis e histórias. Por essa razão, tornou a reescrever tais contos, chamando-os de "Silmarillion"."O retorno da Sombra" contaria a história de uma viagem de Bilbo Bolseiro em busca de mais dinheiro. Mas, espere, seu dinheiro não tinha acabdo! Ok, então, Bilbo viajaria pelo Grande Mar. Mas, por quê? Então, que tal se o Condado fosse atacada por um exército de dragões? Não ficaria bem, Tolkien precisava de outra história...Foi então que se lembrou de haver altos-elfos no "Hobbit". E havia necromantes e jóias mágicas. E, o que mais aquele anel que Bilbo pegou de Gollum poderia fazer? Assim, "O Retorno das sombras"cresceu e mudou de nome. "O Senhor dos Anéis" tomaria rumos ainda muito diferentes. Gollum, de amigo passaria a vilão; os ents, de traidores passariam a amigos; Passolargo, de hobbit passaria a rei de Gondor, etc, etc etc..."O senhor dos anéis" se tornou "A sociedade do anel", "A traição de Isengard" e "A guerra do anel", ops... tudo mudou mais uma vez até se tornar "A sociedade do anel", "As duas torres" e "O retorno do rei". E assim, em 1954, depois de quatro anos de seu término, a trilogia mais famosa da literatura foi publicada. Porém, e entre 1937 e 1954, o público abandonou a Terra-média?Sim e não. A editora impaciente com a demora de tolkien em terminar a continuação do "Hobbit", comprou os direitos de outras obras infantis ou de fantasia de Tolkien: "Folha, de Niggle" (de 1945), "Mestre Giles de Ham" e "Ferreiro de Wooton Major" (ambos de 1949). Esses excelentes contos nada falam sobre a terra-média (talvez, os dois últimos, em especial o último, esbarre um pouco naquele universo), mas fizeram um sucesso relativo na época em que foram lançados permitindo que um livro infantil ilustrado fosse lançado: "Mr. Bliss" (igonarado por muitos fãs do autor, por se tratar de carros explodindo e asfixiando as pessoas em Oxford).Se o "Silmarrilion já vinha sendo reescrito a partir da década de 20 até o início da década de 30, com a retomada de Tolkien ao universo do "Hobbit", era hora de começar a escrever pela terceira vez o corpo histórico da Terra-média (agora, sob o nome "Qenta noldorinwo"). Essa foi a única versão que Tolkien completou do "Silmarillion", mas ela só veria a luz décadas depois. Por que? Por que Tolkien, obsessivo e perfeccionista como era, se aprofundou mais uma vez dentro do mundo que desenvolveu e resolveu que "Senhor dos Anéis" continha ingongruências com o "Qenta noldorinwo". O que ele fez? Simples e óbvio: começou a reescever o "Silmarillion". Essa seria a quarta (!) e última vez.Mas Tolkien simplesmente não conseguia chegar a um fim. As línguas do elfos mudavam, logo os nomes e as histórias dos nomes mudavam; mais histórias chegavam e precisavam ser incorporadas; os hobbits, magos, anéis e ents precisavam fazer parte daquele passado de alguma forma; toda a série de poesias sobre a Primeira Era precisava se tornar uma prosa coerente; as sagas da Segunda e da Terceira Era precisavam de espaços e motivos para acontecerem; etc, etc etc...E Tolkien ainda tinha uma família, tinha um emprego, tinha amigos, tinha uma vida. Não podia só ficar escrevendo. Mesmo assim, ele escrevia sem parar. Escrevia ensaios sobre lembas, anais históricos da segunda era ou de Valinor, escrevia contos de viagens no tempo onde alguém via a queda de Númenor ou participava da última aliança entre homens e elfos contra Sauron, escrevia contos sobre os homens-selvagens da Terra-média, escrevia sobre os deuses ou a forma do mundo, escrevia sobre os Magos, escrevia sobre as viagens de Galadriel, etc etc etc... Até que, reuniu cinco contos que contava para seus filhos quando criança e publicou "Roverandom" (sobre um cachorro que viaha ao fundo do mar e à Lua). Também publicou críticas e ensaios sobre contos de fadas e narrativas épicas em versos. Publicou traduções de "Beowulf", "Sir Gawain" e "Beorthnoth". E ainda, em 1967, escreveu alguns textos para acompanhar o livro "Road goes ever on" de Donald Swann, com partituras musicando poemas do "Senhor dos Anéis".Claro que Tolkien morreria sem acabar "O Silmarillion" em 1973. Também deixava inacabado outros contos e romances, como "The New Shadow" (continuando o "Senhor do Anéis"). Havia ainda "Tal-Emar", um romance sobre a segunda era, inacabado, bem como uma novelização do conto de Túrin Turambar, filho de Húrin.E o que aconteceu com todo esse material? Para muitos, nunca exisitiu de fato (mas foram inventados pelo filho Christopher Tolkien). Para aqueles que leram a biografia de Tolkien e suas cartas, sabe-se que esse material ficava engavetado na garagem de sua casa na rua Sandfield Road, 66. Assim, em 1977, depois de anos ajudando seu pai e anos compilando suas notas espasras após a morte, Christopher Tolkien publicou "O Silmarillion". A obra estava completa e acertada (alguns pontos form resumidos por estarem incompletos, outros foram juntados com as versões antigas por estarem incoerentes). A obra estava completa (reafirmo): "O Hobbit", "O Senhor dos Anéis" e "O Silmarillion". Ou, em ordem cronológica, "O Silmarillion" (contando os primeiros dias do mundo), "O Hobbit" (fazendo um curioso interlúdio para) "O Senhor dos Anéis" (mostrando como acabava os tempos antigos de nosso mundo).Depois disso, em 1981, Christopher mostraria ao mundo os "Contos Inacabados de Númenor e da Terra-Média", reunindo todos os ensaios, contos e versões que tolkien pretendia ter terminado enquanto em vida mas não terminou. Porém, ainda faltava algo, e de 1987 até 1999, a série "History of Middle-Earth" (ou HoME, para os íntimos) foi lançada em 12 volumes que revelava todo o processo de criação de Tolkien, bem como todas as versões de suas obras (incluindo os primeiros "Silmarillion"s, o que poderia ter sido o "Senhor dos Anéis" e contos e ensaios abandonados e inéditos, revelando muito do que poderia ter sido a segunda ou a quarta-era da Terra Média).Bem, o texto é grande e findo aqui dizendo que Christopher ainda publicou o romance completo de Turin Turambar (sob o nome de "Filhos de Húrin", de 2006, ainda inédito no Brasil mas com edição portuguesa). Christopher ainda, diz que já encontrou pequenas anotações que não serviriam o suficiente para um "Contos Inacabados 2" ou HoME 13. Agora, ainda há quem não acredite ser tolkien o autor desses 15 livros póstumos. Entretanto, qualquer um que estude com cuidado o assunto e veja cartas e entrevistas de quando Tolkien estava vivo, sabe da realidade dessa obra póstuma (de fato, maior que a em vida). Além disso, se fosse uma invenção caça-níquel (como comumente se vê com outros autores), poderíamos dizer que Christopher a faz muito bem feita!

2 comentários:

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