RPG TORRE BRANCA: as aventuras

O Grupo Torre Branca também tem RPG.
Nesta página, estão os relatos das aventuras, por ordem de encontros.


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Ficha Técnica
Crônica:
Mestre:
Participantes:
Sistema:
Dados da aventura:
Período em que se desenrola a aventura:
Local:


1º Encontro
Data: 22/08/2010
Local: Toca da Belba-Eli
Relator: Gonçalo

Em busca do Guardião



Capítulo 1 – Uma Dupla muito Improvável.


Nossa história começa no Norte, nas proximidades das ruínas de Fornost, ao sul das Colinas do Norte e ao norte do Rio Brandevin, numa bela manhã de primavera em meio ao campo florido e ao cheiro de lírios, onde vivia o solitário Fëanorino, elfo noldo amante da natureza e de todos os seus filhos.

Fëanorino estava entediado com sua vida tranqüila e serena, pois já tinha conversado com todas as árvores e curado todos os animais doentes e machucados de sua região, e eis que no auge de seu ócio o elfo vê um homem apressado vindo do Sul em direção a Fornost. O homem era belo e alto, mas vestia roupas surradas, velhas e sujas, provavelmente um dos guardiões de Eriador, raros por aquelas bandas.

Fëanorino correu atrás do mesmo e se apresentou. O guardião não parou para conversar e manteve seu ritmo apressado. Entretanto o noldo fez tantas perguntas enquanto acompanhava o forasteiro que o mesmo respondeu em quenya que seu nome era Ligram, mas não tinha tempo, tinha assuntos para resolver no Norte, e que o elfo devia se proteger, pois há rumores de orcs vagando por essas bandas.

Fëanorino ficou espantado com as informações, mas como estava em busca de novas aventuras resolveu investigar e avisar a população humana local. O guardião não permitiu que o elfo o acompanhasse; então este resolveu ir para o Sul, de onde o guardião viera.

Ao sul, perto da cidade humana de Estrado, na floresta, Fëanorino encontrou dois homens muito estranhos, um era magro, narigudo e encurvado, o outro era um pouco mais gordo e tinha o pomo-de-adão enorme. Os homens ficaram com muito medo ao notarem o elfo e quando Fëanorino foi conversar com eles, os mesmos disseram várias informações contraditórias e distorcidas, se diziam fazendeiros ocupados e não queriam a companhia elda. Entretanto, em meio a tanto descompasso eles acabaram por revelar seus nomes “Nat e Gil”, mas logo após fizerem isso, cada um cutucou o outro com o cotovelo com grande força. Em seguida desconversaram, confirmando a história dos ladrões citada pelo guardião, mas nada mais disseram.

Fëanorino percebendo que eles nada mais falariam resolveu continuar seu caminho rumo ao sul.

Enquanto isso, na Quarta Sul do Condado, a jovem Margarida Tûk viajava com sua charrete puxada pelo seu pônei Pônio, enquanto vendia a erva da fazenda de sua família. No meio de seu caminho, encontrou sua antiga amiga, Lilly Dedo-Verde, aos prantos. Lilly explicou que seu irmão, Tholman, havia sido preso injustamente por roubar carneiros, por isto, ela iria arquitetar um plano para resgatar seu irmão da prisão. Margarida em seu interior começou a pensar que, apesar de seus deveres com a venda da erva, ela não poderia deixar de participar de tamanha confusão, além do mais, isso tudo poderia garantir a ela uns pontos com o jovem Tholman. Lilly pediu ajuda e Margarida resolveu ajudar, afinal ela conhecia muito bem todo o Condado e resolveu investigar o caso, caso Margarida não conseguisse resgatar o irmão, talvez ela conseguisse encontrar os verdadeiros ladrões de carneiros. Explicou então, a situação para sua atarefada mãe que a deixou, um pouco a contragosto, posar à noite na casa de Lilly.

Margarida então viajou para o norte, em direção à prisão para investigar melhor o caso. No caminho, encontrou dois homens estranhos correndo e quando a hobbit perguntou o que estava acontecendo os homens disseram ter visto um elfo assassino na estrada. Margarida nunca tinha visto um elfo, e se encantou com a simples idéia de conhecer um deles, embora não soubesse direito o que significa a palavra “assassino” e rapidamente continuou rumando para o norte em busca do “elfo assassilo”.

Quando Margarida encontrou Fëanorino ficou toda animada e rapidamente quis fazer bonito para seu novo melhor amigo e vomitou todas as bonitas palavras que julgava ser élfico, tudo o que decorara durante anos, o que, para Fëanorino, nada significavam, pois aquelas palavras eram tão élficas quanto Fëanorino era anão. Ainda assim, ele não quis magoar a pequena comerciante e nada disse sobre sua habilidade de falar élfico. Margarida contou a Fëanorino sobre Thoman e a confusão dos carneiros e o noldo concordou em desfazer tamanha injustiça.

Começaram os dois a visitar as fazendas da região, tomaram muitos chás e comemoram muito bolinhos durante toda a tarde, pois em cada fazenda que visitavam, uma senhora hobbit muito educada estava sempre pronta a dar todas as informações que continha (desde a árvore genealógica de sua família desde a nona geração para trás até os mais recentes rumores sobre abóboras gigantes na fazenda do Sr. Magote) se a dupla lhe desse um pouco de atenção.

Depois de comer muitos bolinhos e cogumelos, o elfo Feanorino estava estufado e mal podia ouvir o que as fazendeiras falavam, quando no meio de mais uma verborréia hobbit ele ouviu as palavras: “... Nat e Gil... certamente...”

- Espere! – gritou o elfo com a boca cheia – O que você disse?
- Que aqueles pestinhas vão se ver com meus cães... – respondeu a fazendeira Tânia.
- Não, não! Antes disso!
- Que os cães do Sr. Magote são de caça e não para pastorear ovelhas, apesar do que diz sua esposa a senhora...
- Não mulher! Depois disso! – Fëanorino estava inquieto, tão perto e tão longe.
- Mas eu queria ouvir Tânia terminar essa história que estava mesmo interessante e você está estragando tudo, Fêfa! – disse Margarida entretida no discurso da fazendeira.
- Mas ela tinha falado... ela falou, eu ouvi, os nomes dos animais... - Feanorino começou a sentir que nunca mais ouviria os nomes de Nat e Gil novamente.
- Dos cães? – perguntou Margarida.
- Das ovelhas? – perguntou Tânia.
Feanorino começou a lacrimejar.
_ Acho que ele está falando sobre quem roubou as ovelhas, Tânia.
_ Ah, sim! Mas por que você não disse antes? Nat e Gil roubaram as ovelhas, certamente! – Disse Tânia.
_ Isso! Isso! Porque você não disse antes? – Indagou Feanorino.
_ Porque eu achei que as ovelhas estavam seguras sobre a proteção dos cães do Sr. Magote que...
_ Pelo amor de Arda, mulher! Pare de falar! – Disse Feanorino colocando cogumelos na boca de Tânia.
_ Mas... – Começou Margarida pouco antes de ser entupida de cogumelos por Feanorino, como Tânia.
_ Só balance a cabeça. – Disse o elfo – Nat e Gil roubaram as ovelhas certo?
A fazendeira assustada, confirmou balançando a cabeça positivamente.
_ Mas você não tem provas disso.
Tânia negou.
_ Nat e Gil são pouco confiáveis?
Tânia confirmou.
_ Eles roubaram as ovelhas e acusaram Tholman para se verem livres da prisão?
Tânia consentiu enquanto acabava de engolir o último cogumelo de sua boca.
_ Na verdade... – Tânia não teve tempo de concluir sua frase, pois Feanorino colocou mais três cogumelos em sua boca dizendo:
_ Muito obrigado, senhora, foi muito útil, o chá estava ótimo, espero nunca mais te ver! – O elfo segurou o braço de Margarida e saiu da casa da fazendeira aliviado.

Feanorino e Margarida Tûk partem para Bri enquanto o elfo tenta se disfarçar como pôde, embora acabe chamando mais atenção que gostaria. Na casa de Lilly, eles descobrem que ele estava muito triste e não foi muito produtiva a tarde e seu plano de libertar Tholman consistia em ir até a prisão e... só. Assim, os três fizeram.

Na prisão, Feanorino reconhece desejos secretos no coração do guarda e pede para as hobbits vigiarem as proximidades. Enquanto isso ele seduz o guarda-porteiro, pois o elfo não era forte nem sabia lutar, mas era jovem e belo e seu poder de sedução era altíssimo. Com seu adocicado perfume de lírios do norte, Feanorino convenceu o guarda a lhe dar as chaves da prisão e ir buscar cerveja na Taverna enquanto ele preparava uma cela vazia para que ambos se conhecessem melhor. O homem foi e quando voltou, não havia nem elfo, nem hobbit a sua espera e Tholman estava desaparecido.

De volta a casa dos hobbits, Tholman revela que descobrira uma caverna de troll ao norte, onde bandidos pareciam guardar objetos roubados, talvez as ovelhas roubadas serviam para alimentar o troll que protegia os espólios reais de Nat e Gil.

_ Mas se os roubos de Nat e Gil são tão valiosos a ponto deles se arriscarem guardando o tesouro na toca de um troll, porque ninguém reclamou pelo tesouro? – Perguntou Margarida Tûk, mas essa questão Tholman não soube responder.

Depois de ajudar os irmãos a fugir, Margarida e Feanorino viajaram até a região da caverna, à noite. São surpreendidos por um lobo e pela presença de Nat e Gil. Matam o lobo e capturam Nat, que assume estar trabalhando para um guardião chamado Ligram e um tal de Karangûl, que a simples menção ao nome provoca vômitos.

Depois de muito (mas muito mesmo) tempo andando na lenta charrete de Margarida até alcançarem as proximidades da Mata, elfo e hobbit entram numa grande discussão: o que eles iriam fazer na caverna do monstro? Naturalmente iriam alimentá-lo com a própria carne, mas por outro lado, imaginavam quais tesouros a fera estava guardando e assim muito discutiram e deliberaram sobre o assunto.



Capítulo 2 – A Caminho de Valfenda

Quinze dias antes do encontro de Feanorino e Margarida Tûk... na Montanha Solitária...

O anão Hrötgar foi finalmente liberto de sua cela e levado à presença do Tenente-coronel Gram.

_ Como se sente, Hrötgar Punhos-de-Ferro?
_ Mal senhor Gram. Assumo a culpa e a responsabilidade pela morte de meus amigos nas Montanhas Cinzentas, e se um dia eu puder voltar para lá, eu mesmo matarei o Grande Verme Spiropulos, ou morrerei tentando.
_ Ótimo, então conseguiu o que queria Capitão Hrötgar. Graças a influência que seu pai, Wiglaf, tem com o Rei-sob-a-Montanha, você não será mais mantido em Erebor. Mas terá uma chance de redimir seus erros.
_ Sim, nobre tenente! Eu trarei os dentes do dragão!
_Ainda não Wiglaf, muitos feitos você terá que realizar antes de enfrentar sua nêmesis novamente. Você vai para Valfenda, pois o mestre Elrond tem uma importante e misteriosa tarefa para você.
_Eu? Servir os elfos? Ó por favor mestre Gram, não suportarei tamanha humilhação.
_ Cala-te, ruína de seus amigos! Esta é uma nobre tarefa, e uma chance de recuperar sua honra e seu posto no exército de Erebor! Esta chance é única e eu lhe ofereço apenas uma vez: ou você vai para Valfenda ou para a prisão, o que me diz?

Hrötgar se calou pesaroso.
Um silêncio constrangedor pairou no Salão de Gram que começou a ficar impaciente, o Tenente-Coronel Gram pegou então os papéis da prisão para assinar quando Hrötgar disse:
_ Eu vou. Se levar um amigo. Pois não conseguirei dormir tranqüilo na presença dos elfos.
Gram concordou e Hrötgar escolheu o último dos seus amigos vivos: Balrum, Chefe da Guarda dos Portões Secretos de Erebor. Ambos começaram sua longa viagem para o oeste em seus pôneis de guerra.

Em Caras Galadhon, a Senhora em pessoa convocou voluntários para enviar a Valfenda numa demanda que iria mudar os destinos do mundo. Muitos elfos se ofereceram para tal missão, e o Senhor e a Senhora foram obrigados a realizar uma grande competição para definir quem era o melhor elfo de Lórien para tal missão. Galadriel pressentiu que a sabedoria dos eldar participaria da demanda através de uma das sábias de Valfenda, pressentiu também que a força dos anões estaria presente por representantes de Erebor e ponderou que para que a demanda fosse bem sucedida, era preciso um elfo de visão aguda, que pudesse enxergar a cor dos olhos das águias da montanha, como as sombras inquietas do coração dos homens. Decidiu então que o representante de Lórien deveria ser o melhor dos arqueiros.

Para definir quem era o melhor dos arqueiros Galadriel propôs o seguinte desafio: quem pudesse atirar uma flecha pelas argolas de doze machados seguidos num único tiro seria o escolhido. Os machados porém eram encantados, pois foram feitos pelo maior artífice da Montanha Solitária, Wiglaf e negociados com o anão Oberon que os trocou por Roäc, a Trompa de Lórien, feita pela própria Senhora para o sobrinho de Oberon, Hrötgar, que Galadriel chamou de Naugnór, o Anão de Fogo.

Os machados de Wiglaf repeliam quaisquer flechas e provocava desconcentração e sono aos seus adversários e um a um, os elfos de Lórien desmaiavam num sono profundo ao olhar atentamente para as argolas alinhadas antes que qualquer flecha pudesse ser desferida. As doze argolas dos cabos dos machados estavam absolutamente alinhadas, mas eram tão pequenas e semelhantes a simples anéis que mesmo sem nenhum encanto seria muito difícil para qualquer elfo completar o desafio. O que chegou mais perto de realizar tal façanha foi Haldir, mas mesmo ele adormeceu no sono pesado dos anões. Somente um eldar de grande poder poderia quebrar o encantamento e transpassar as doze argolas.

Loriel foi o último dos candidatos, e para o espanto de todos, tomou o arco do adormecido Haldir e o tensionou-o com enorme facilidade fazendo vibrar a corda melodiosamente para que todos pudessem ouvir e despertar de seu sono. Apontou com cuidado e precisão e disparou uma flecha que passou através das doze argolas, e assim, recebeu o título de “Arqueiro de Lórien” e também “o Arqueiro dos Doze Anéis” e foi enviado para Valfenda.

Enquanto isso, na última casa amiga, Elrond Meio-Elfo chamou uma de suas sábias criadas, Kálina Tindómë e disse que esperava a visita de um nobre elfo de Lothlórien, pois tinha uma missão importante para ele. Ela começou a aguardá-lo, nos bosques de Valfenda, trocando seus amados livros, poesias e encantamentos pelas árvores que farfalham com o vento.



Capítulo 3 – Duas Duplas e Nenhum Quarteto


Ao lado do Anduin, bem ao norte, a leste das Montanhas Sombrias e a oeste da Floresta Velha, quando ambas estradas se uniam numa só, em direção a Valfenda, Loriel se deparou com dois robustos anões montados em pôneis apressados.

_ Olá! Quem são vocês? – Perguntou o elfo.

Mas nenhuma resposta em Westron ou qualquer outra língua foi ouvida, os anões olharam com desdém ao elfo e apressaram ainda mais o passo de sés animais. Loriel foi atrás deles, pois estavam indo para o mesmo lugar, sem saberem. Loriel notou que um dos anões portava uma brilhante corneta feita de prata e chifre de bizonte, havia runas nela, entre elas conseguiu ler a palavra “Naugnór” e sentiu que conhecia aquela trompa, embora não se lembrasse ao certo de onde. Era estranho, pois o instrumento aos seus olhos parecia um magnífico trabalho élfico, embora suas inscrições estavam em runas de Daeron, as runas que os anões usavam. “Teria o anão roubado esse precioso tesouro?” Pensou enquanto seguia a dupla.

Quando finalmente chegaram aos bosques de Valfenda, encontraram a bela Kálina dançando e cantando entre as árvores. Quando ela viu a dupla se aproximar se desconcentrou e olhou ambos com espanto. Os anões perceberam sua feição de estranheza e continuaram cavalgando sem dar maiores atenções a elfa que tentando controlar sua surpresa disse:

_ Boa tarde, mestres anões.
Os anões nada disseram e mantiverem seu curso. Ela insistiu.
_ Meu nome é Kálina Tindómë, qual é o nome de vocês?
Nesse momento Balrum falou em khuzdûl com seu amigo:
_ Acho que ela está falando conosco.
_ Ignore, ela vai desistir. – Respondeu Hrötgar.
Num último esforço Kálina correu e parou bem na frente dos dois forasteiros dizendo:
_ Vocês viram um elfo vindo de Lórien? Estou a sua esp... – Antes que Kálina pudesse terminar Balrum respondeu em westron olhando fixamente para ela:
_ Não sei nada sobre os elfos e tenho raiva de quem sabe. – Dito isso cada um contornou a elfa um de cada lado e continuaram avançando.
_ Agora nos deixe, temos assuntos a tratar com Elrond. – Completou Hrötgar.

A elfa ficou espantada com tamanha grosseria dos anões, sem entender o motivo de tamanho mau-humor. Enquanto isso, os anões discutiam em khuzdûl entre si como os elfos eram falsos, sempre fazendo caretas a eles e depois se mostrando amigos e acolhedores. No fim ambos concordaram que “elfos são pessoas estranhas”.

Antes que Kálina pudesse sair de seu estado pásmico ela ouviu uma linda voz com sotaque de Lórien:

_ Graças a Elbereth que os assuntos deles são com Elrond e não conosco não é mesmo? Sou Loriel dos Doze Anéis, a seu dispor. – Disse fazendo uma grande reverência.
_ Acho que é exatamente por você que estou procurando, sou Kál...
_ Kálina Tindómë, sim eu, diferente dos anões, a escutei. – Disse Loriel em quenya - Não ligue para eles, anões são pessoas estranhas.

Mas os anões sabiam que não iam conseguir chegar até Valfenda sem se identificarem para os elfos, cedo ou tarde, elfos menos dispostos a conversar iriam questionar os anões. Assim, cedo a questão veio na forma de uma flecha que atingiu o solo perto dos pôneis, embora nenhum arqueiro pudesse ser visto ou ouvido.

Balrum então rapidamente desenrolou o estandarte de Erebor e o mostrou em todas as direções.

_ Nós viemos tratar com o mestre Elrond Meio-Elfo. Eu sou Hrötgar, filho de Wiglaf e esse é Balrum da Montanha Solitária. Nós vamos entrar.
Só então eles viram um arqueiro saindo de trás de uma árvore parcialmente concordando com a cabeça, mas num piscar de olhos ele desapareceu, e os anões prosseguiram.

Na Casa de Elrond, eles ficaram maravilhados com as esculturas que aquele povo foi capaz de fazer, obviamente era inferior que o trabalho de qualquer anão, mas certamente era muito superior ao que eles imaginavam que elfos pudessem realizar. Enquanto eles esperavam contemplando as estátuas do salão e discutindo suas pequenas imperfeições, Elrond atendeu primeiro Loriel, o Arqueiro de Lórien, que foi conduzido ao Salão de Fogo por Erestor.

Elrond explicou a razão de ter convocado alguém do nobre povo de Lórien para sua casa. Um dos guardiões mais importantes dos dúnadan estava desaparecido. Seu nome é Margil. Encontrá-lo é fundamental por razões que Elrond não pode revelar. Ele estava pensando em dar essa tarefa a Kálina, sua sábia discípula, que muito aprendera com o próprio Elrond em pessoa ao longo dos séculos. Entretanto, certamente um emissário de Galadriel poderia acrescentar grandes chances de sucesso nessa busca, e por isso Loriel estava lá, certamente ele deveria liderar comitiva , uma vez que ele deve ser o único capaz de enfrentar e relatar o horror que foi despertado em Angmar (pelo menos, assim dizem os boatos). Loriel ficou muito contente com sua missão, sabia em seu interior que encontraria o humano e já ia saindo dos Salões de Elrond quando este disse:

_ Espere. Esta demanda não é para dois.
_ Ah, sim, claro. Desculpe grande mestre, quem mais vai nos acompanhar? – Disse Loriel com um sorriso empolgado.
_ Dois anões de Erebor, acabaram de chegar.
Silêncio.
_ Perdão senhor Elrond, acho que entendi m...
_ Você entendeu muito bem Loriel. – Disse o mestre – E cuidado com esses pensamentos sombrios que invadem sua mente nesse momento. Os acontecimentos que estão prestes a ocorrer vão requerer a união de todos os povos livres da Terra-Média. Quanto antes entendermos isso, melhor. Vocês terão que lidar com seus preconceitos ou a demanda falhará. E acredite, será difícil para os anões também, mas vocês quatro vão encontrar Margil mesmo assim.

Loriel consentiu com a cabeça e deixou os aposentos em silêncio e respeito. Logo em seguida, Erestor pediu aos anões que entrassem e alguns minutos após, pode-se ouvir do lado de fora do Salão, o grito de surpresa dos anões:
_ Mas ninguém confia num elfo!
O grito foi logo abafado e mais alguns momentos após, dois anões saem cabisbaixos do Salão de Fogo. Erestor entra com um sorriso no rosto e encontra Elrond preocupado.
_ Calma, eles vão conseguir, mestre Elrond.
_ Só me preocupo que não tenha um humano nessa demanda, para equilibrar esses fanáticos.
_ Não, não tem. O Humano está desaparecido, mas os fanáticos vão encontrá-lo e vão encontrar também seu equilíbrio, pois todos são honrados e valorosos, e eles vão se lembrar disso antes do fim.
_ Assim espero, Erestor. Assim espero. – Disse Elrond suspirando cansativo.



Capítulo 4 – O Primeiro Combate

No dia seguinte pela manhã, o grupo arisco composto pela dupla de elfos e a dupla de anões deixou Valfenda rumo à Mata dos Trolls, onde Margil havia sido visto uma última vez.

A noite, chegaram na Mata e começaram a montar o acampamento. Decidiram que era sensato montar guarda a noite, pois aquelas florestas eram perigosas e com exceção de Kálina, eram desconhecida para os demais.

_ Eu não vou montar guarda! – Esbravejou Hrötgar – Os “orelhudos” que vigiem, eu vou fumar e dormir.
_ Eu não vou dormir! – Esbravejou Balrum – Não confio nos “orelhas” para vigiar! Quem me garante que eles não vão nos matar a noite enquanto dormimos?
Enquanto isso, Kálina e Loriel, como os anões, conversavam entre si:
_ Quem vai fazer o primeiro turno? Eu ou você?
_ Porque não um dos anões?
_ Os anões, vigiarem? Eles não conseguiriam enxergar através da noite na floresta nem mesmo se um Mûmakil estivesse sentado no acampamento assando marshmallows na fogueira.
_ Sim, certamente. – Sorriu Kálina. – Então, como resolvemos esta questão?
_ Pode dormir. Eu vigio o primeiro turno.
_ Vamos os dois vigiar então, não conseguirei dormir com o ronco dos “perna-curta” na minha cabeça.
_ Ok.

Enquanto isso, diferentemente dos elfos, os anões tinham decidido se revezarem nos turnos. O primeiro turno ficou com Balrum.
A noite, os elfos perceberam uma movimentação estranha na floresta, e através de seus olhares penetrantes, descobriram se tratar de um bando de rufiões bem armados cochichando perto do seu acampamento, mas não tinham visto o grupo ainda.
_ O que vamos fazer? – Perguntou Kálina – Não podemos falar com os anões, sinto que se fizermos isso alguém vai acabar machucado.
_ Não temos escolha – Disse Loriel – O grupo deles é bem maior que o nosso, posso ver oito com clareza. Sozinhos nós dois não daremos conta deles, caso eles não estejam dispostos a conversar.
Balrum que não confia nos elfos, ficou atento a conversa dos dois e descobriu o que eles haviam visto, antes que os eldar pudessem terminar de decidir se deviam ou não avisar os naugrim, Balrum acordou Hrötgar e eles decidiram investigar.
_ Ei, aonde vão nanicos? – Indagou Loriel ao ver os dois avançarem na direção do grupo.
_ Para a festa que vocês não iam nos convidar, é claro, para onde mais? – Disse Balrum.
_ Esperem! – Disse Kálina – Eles podem ser rufiões ou guardiões, é difícil dizer com clareza, ambos se vestem muito mal por essas bandas e ambos andam bem armados.
_ Então vamos descobrir. – Disse Hrötgar.
_ Não! – Disse Kálina – Pelo menos, não vocês dois. Não me entendam mal, mas eu posso tentar conversar com eles com diplomacia sem que ninguém se machuque. Assim, Loriel e eu vamos ao encontro deles. Vocês dois, podem dar a volta no grupo e caso eles se mostrem hostis, vocês impeçam eles de fugirem.
_ Parece um bom plano. – Disse Loriel e os anões concordaram a contragosto.
Kálina e Loriel se apresentaram para o grupo, que rapidamente pegaram suas espadas e arcos e começaram a atacar a dupla sem que Kálina pudesse fazer qualquer diplomacia, só ouviram:
_ São elfos! São elfos! Matem-os agora antes que seja tarde!
Haviam dois arqueiros, Loriel mirou no primeiro deles e disparou três flechas que o perfuraram no braço e no tórax e ele caiu. Kálina insistiu na diplomacia:
_ Calma gente, viemos em paz.
Mas o segundo arqueiro atirou em sua cocha em resposta.
Um homem levantou sua espada e correu na direção de Loriel, mas foi alvejado antes que pudesse desferir qualquer golpe.
O arqueiro do bando se assustou, pois haviam perdido dois homens em poucos segundos e dessa vez ouviu Kálina com mais sabedoria.
_ Calma homem! Você pode desferir outra flecha, e matar um de nós, mas nós vamos matar mais dois de vocês e deixar um incapacitado, o que preferem?
O arqueiro hesitou e começou a recuar para a floresta. Dois dos outros três homens largara, suas armas e se renderam, e o segundo correu para dentro da floresta, o que ele não sabia é que ele estava correndo na direção dos anões.
Porém, mais perto que ele dos anões, estava o vigia do grupo que identificou a dupla khazâd tentando andar sorrateiramente pela floresta, sem o menor sucesso. Este homem tinha um martelo e disse para os anões:
_ Shhhhhhhh! – Enquanto levantava o martelo para desferir o golpe.
Mas Balrum foi muito rápido e com seu martelo cortou as mãos do agressor num só golpe e com seu punhal abriu o ventre do mesmo que caiu de joelhos cuspindo sangue. Porém, antes que seus joelhos tocassem o solo, Hrötgar o segurou pela garganta e começou a interrogá-lo.
_ Quem são vocês e o que fazem aqui? Responda rápido!
O Homem balbuciou qualquer coisa inaudível.
_ Não tenho tempo, humano. Quem está no comando? Fale logo e eu farei com que sua morte seja indolor.
_ Ka...ran...gûl – Disse enquanto cuspia sangue e vômito.
_ O que sabem sobre Margil?
_ Mate-me... por favor...
Os anões questionaram um pouco mais, mas ele só implorava por sua morte e os anões atenderam seu pedido.
Em seguida o segundo homem veio correndo pela floresta e deu de cara com Balrum que o cortou ao meio com seu machado fazendo com que suas partes voassem para diferentes lados.
_ Há, há! Já são dois Hrötgar! – Gargalhou Balrum animado.
_Vamos Balrum, antes que os elfos acabem com toda a diversão! – E ambos correram para a direção dos elfos.
No caminho, Hrötgar encontrou um arqueiro andando de costas na floresta, se afastando dos elfos, e deu uma rasteira nele segurando-o pela garganta debaixo de sua pesada bota de combate.
_ Muito bem senhores. Acabou a festa. Quem é Karangûl? – Perguntou o anão.
Os homens nada disseram.
Hrötgar pisou firme na garganta do homem e disse:
_ Fale agora ou cortarei sua mão.
_ Não posso... ele vai me matar.
_ O que você acha que eu vou fazer, bandido? – Perguntou Hrötgar.
O homem começou a falar, mas em seguida vomitou sem parar, impedindo que ele falasse.
Balrum impaciente olhou para um dos homens que Loriel havia rendido:
_ Responda a pergunta ou o elfo mata seu amigo!
_ Calma anão! – Disse o homem assustado – Karangûl é...- e começou a vomitar sem parar como o outro fizera a pouco.
_ Isto está me cheirando a um teatrinho barato seus bardos de meia tigela! – Vociferou Hrötgar.
_ Não. – Disse Kálina – Eles são incapazes de dizer, uma força maligna os impede, posso sentir.
Hrötgar disse em khuzdûl para Balrum:
_ Vamos privá-los das armas e soltá-los. Certamente estão envolvidos com o desaparecimento do guardião, nós vamos segui-los. Avise os elfos, mas tome cuidado para não ser ouvido pelos rufiões. Maldição! Vejo que esses malditos andarilhos vão me estragar a noite de sono.
E assim foi feito. As armas foram tomadas por Hrötgar e os rufiões libertos. Antes de começarem a segui-los, o anão estudou as armas espoliadas e notou que eram armas antigas, mas de qualidade considerável e as que não pode carregar consigo guardou em seu pônei, enquanto pensava quem iria ganhar presentes.


LOST... rs


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2º Encontro
Data: 29/08/2010
Local: Toca da Belba-Eli
Relator: Gonçalo
Imagens: Edhel






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Capítulo 5 – Muitos Encontros (2º dia da aventura)



Enquanto isso, no Norte, Fëanorino (com trema) finalmente convence Margarida a não entrar na caverna do troll. A hobbit está com muito sono querendo dormir e Fëanorino propõe que ela durma na charrete enquanto ele a conduz até sua casa, pois estão próximos a ela e Margarida aceita.

No dia seguinte, quando Margarida acorda na casa de um elfo fica toda encantada, mal podendo acreditar estar naquele lugar. Mas esse não foi o maior encantamento do dia. Logo pela manhã, ela notou um rosto estranho na janela da casa: um homem, diferente dos homens que ela conheceu no dia anterior. Esse era austero, senhor de si, mas, como os outros, estava sujo e com as roupas surradas.

O homem bateu na porta e, para a surpresa de Margarida, Fëanorino recebeu o homem muito bem, fez várias reverências e o tratou como vassalos tratam reis. Esse era ninguém menos que Aragorn, filho de Arathorn, líder dos dúnadain do Norte. Aragorn disse que estava com um grande problema, um de seus guardiões estava desaparecido: Margil, e que os guardiões não o encontravam em nenhum lugar e havia sinais do reaparecimento dos orcs no antigo reino de Angmar. Fëanorino perguntou sobre Ligram, um “guardião” que ele conheceu no começo dessa aventura, mas Aragorn nada sabia sobre Ligram e não o reconheceu como um dos dúnadan. Aragorn, então, relatou a existência de acampamentos orcs e sugeriu que Fëanorino fosse para lá; ao que o elfo concordou, mas Margarida não gostou nada disso, queria muito voltar para o Condado e ajudar Tholman a se livrar de todas as acusações de uma vez por todas. Fëanorino prometeu a Margarida que livraria Tholman de qualquer problema e que se ela o acompanhasse, seguindo as orientações de Passolargo, ele, um dia, a levaria para Tol Erëssea, no além-mar. Margarida não sabia bem o que era isso, mas como o nome é muito bonito imaginou que talvez fosse um belo lugar para um piquenique num final de semana com a família e, logicamente, depois ela voltaria para continuar seu trabalho com a distribuição de erva no Condado. Concordou, por fim, mas não sem antes a promessa de Fëanorino ajudar a proteger o Condado, pois tinha grande preocupação com sua terra. E, assim, Aragorn seguiu seu caminho e a dupla improvável, formada por um elfo pouco corajoso e uma pequena hobbit, seguiu outro. Obviamente, depois de carregar a charrete com provisões.

E, len-ta-men-te seguiram rumo a sudoeste.




Enquanto isso, na Mata dos Trolls, elfos e anões começaram uma discussão a respeito das armas que Hrötgar confiscou dos ladrões da floresta: o que fazer com elas?

 Hrötgar desenvolvia em seu íntimo um desejo de posse muito grande pelas armas, e não queria se desfazer delas. Kálina reconheceu que eram armas de De Cardolan, dos reis do Norte de antigamente, que combateram o Rei-Bruxo de Angmar e foram destruídos. Loriel sentiu que algo sinistro envolvia as armas, mas os anões estavam obcecados por elas e ele decidiu, por um momento, nada dizer. Hrötgar e Balrum ficaram com um arco cada um, aljavas e flechas além de punhais, machados e machadinhas e só não ficaram com as espadas, que eram muito grandes para que eles pudessem usá-las com perfeição, decidiram, então, enterrar as espadas e marcar as árvores para uma possível futura localização.

Em seguida, Hrötgar começou a rastrear a trilha dos ladrões para descobrir mais sobre Karangûl e o paradeiro de Margil. A trilha os conduziu para o noroeste até que chegaram perto de uma casa solitária com fumaça saindo pela chaminé. Ao lado da casa haviam duas covas cobertas. Estavam todos empolgados com a batalha horas atrás e começaram a discutir sobre a casa, quem estaria nela? Seria uma emboscada? Os ladrões estariam num número ainda maior? Quem estaria enterrado nas covas? Houve uma briga entre os bandidos? Karangûl teria matado dois deles ao fazê-los vomitar sem cessar? Como levantar mais informações sem ficar muito vulnerável? Antes que a discussão pudesse terminar, Balrum, o impaciente, já estava batendo na porta da casa.

- Pode entrar! – disse uma voz lá dentro – E traga seus amigos.

- Senhores, prontos para a próxima festa? – Gritou Balrum para seus amigos ao longe enquanto segurava o cabo de seu machado e entrava na casa. O restante do grupo correu para entrar na casa antes que Balrum ficasse em muita desvantagem contra muitos bandidos.

Para a surpresa de todos, dentro da casa só havia um velho. Ele se mostrou ser Gandalf, o cinzento, estava cansado e não tinha interesse em responder muitas perguntas, mas esclareceu alguns mistérios. A casa era mesmo de Margil. Na casa Gandalf não encontrou ninguém, a não ser os corpos da esposa e filho do guardião, o mago os enterrou ao lado da casa. Gandalf não detalhou muito, mas disse que os bandidos não iriam mais importunar ninguém. Disse que orcs também estiveram por ali e rumaram para o norte. Ao fim dos relatos, Gandalf adormeceu. Elfos e anões decidiram continuar a empreitada e seguir a trilha dos orcs para obterem maiores informações.

No meio do caminho, Balrum, Hrötgar, Kálina e Loriel, vindos do sul, encontraram com Fëanorino e Margarida, vindos do norte e depois de muitos discutirem, todos se conheceram e descobriram que tinham a mesma missão: encontrar Margil. Esse encontrou uniu os dois grupos que começaram a fazer bastante barulho. Hrötgar começou a ficar preocupado, pois sabia que o acampamento dos orcs estava próximo, além disso, Loriel tinha avistado uma casa no alto da colina vizinha e fitou um elfo estranho observando-os. Margarida sentiu sua bolsa tremer e a abriu para ver o que acontecia lá, de repente, o seu caranguejo de “brinquedo”, presente dado pelos anões das Montanhas Azuis em troca do fumo de alta qualidade de Margarida, subiu correndo pelo seu braço. Isso a apavorou.

Balrum e Hrötgar perceberam que se tratava de um instrumento de um poderoso artífice de khazâd e perguntaram o significado do passo do caranguejo. Com lágrimas nos olhos, Margarida respondeu:

- Hoje a noite alguém morrerá.

A lua reinava alto no centro do céu com estrelas acanhadas que arriscavam brilhar enquanto o sol emitia os últimos raios de luz e do dia pelas bordas do mundo.

- Certamente não um de nós! – disse Hrötgar tentando parecer empolgado – Temos muitos orcs para matar antes de dormir.

Enquanto dizia isso,
 Loriel resolveu atirar uma flecha de aviso para o elfo observador. Quando a flecha chegou lá, o elfo desapareceu. Balrum sentiu que as coisas não estavam indo bem e pensou “Elfo maldito, não vá nos apunhalar pelas costas!” e subiu a colina correndo com o machado na mão, Hrötgar o acompanhou.

- Calma gente! – disse Kálina, que estava se recuperando da flecha na coxa – Não vamos nos precipitar. – Tarde demais, Loriel e Fëanorino haviam subido a colina atrás dos anões e Margarida havia desaparecido. Sombras começaram a surgir ao redor da colina e Kálina resolveu seguir o grupo de perto, ou seja, ficar no topo da colina.



Capítulo 6 – O Passo do Caranguejo



Na casa da colina o grupo não viu nenhum sinal do elfo, mas puderam perceber que na próxima colina estava o acampamento dos orcs que vinham da casa de Margil.

- Orcs! O que vamos fazer? – perguntou Fëanorino. – Não é possível que vou morrer justo no dia que recebi a visita do rei! Tudo estava tão bem até vocês aparecerem!

- Vamos matá-los! – disse Balrum, dando pouca atenção ao elfo.

- Essa é a única coisa que ele sabe falar? – disse Kálina para Loriel, que estava mudo.

- Essa é uma boa oportunidade para testarmos nossas armas de De Cardolan, Balrum! – disse Hrötgar.

- Não podemos atacar. – disse Kálina – Nós estamos na casa do elfo, temos que conversar com ele, talvez ele saiba mais sobre os orcs.

- O elfo não vai aparecer, cara Kálina. – disse Balrum – Certamente deve estar a milhas daqui, bem longe dos orcs.

 - Não ele está lá embaixo. – disse Margarida que apareceu no meio deles do nada – Ele me disse para não descerem, pois ali existe um mal maior que os orcs.

Loriel buscou o elfo com seu olhar através das sombras da noite que já envolviam a base da colina e confirmou que o tímido elda estava lá com um punhal em cada mão procurando algo no chão aflito.

- Margarida! – disse Fëanorino, abraçando a hobbit – Nunca mais desapareça assim! Acho melhor irmos embora, as coisas não vão bem.

Em seguida, Hrötgar pegou sua corneta, Roäc, e assoprou bem forte, com o intuito de intimidar os orcs e o clamor dela foi ouvido em todas as Colinas do Vento. Os orcs então se deram conta que haviam sido alcançados, pegaram seus escudos e cimitarras e começaram a descer a colina em que estavam para subir na colina dos caçadores do paradeiro de Margil. Seis orcs desceram a colina fazendo uma formação ordenada batendo em seus escudos; a organização deles era tamanha que surpreendeu os caçadores.

Hrötgar atirou a primeira flecha com seu arco de Cardolan, ela passou por uma ondulação do escudo e atingiu o primeiro orc no ombro. Balrum mandou a segunda seta que fez com que o orc caísse, guardou o arco e pegou o machado correndo na direção dos inimigos. Loriel percebeu que alguns orcs arqueiros ficaram no topo da colina e lhes atirou três flechas, três orcs caíram. Kálina, animada com o desempenho de seu líder, atirou uma flecha também, matou um dos orcs, mas foi atingida por outro, no ombro. Uma das flechas passou raspando a cabeleira de Margarida que se assustou e se escondeu na casa da colina, embaixo da cama. Fëanorino sentiu que a amiga estava protegida ali, pegou sua espada e desceu para o outro lado da colina, em busca do estranho elfo das adagas, negligenciando o aviso do “mal maior” que Margarida levou minutos atrás.


[enquanto isso, durante o calor da batalha ...




orcs encontraram Balrum e Hrötgar no pé da colina e Balrum matou dois com seu machado veloz. Hrötgar estava animado, segurou seu martelo, Forkhazdur, e o girou com grande força e num só golpe esmagou escudo e o que havia além dele com o primeiro oponente, outro orc tentou aproveitar a situação para cortar o anão, mas este rapidamente puxou o martelo de lado e destruiu o joelho do orc. Loriel acabou de matar os orcs arqueiros com tiros perfeitos, cada flecha lançada correspondia a um orc caído no chão, para não mais levantar. Hrötgar percebeu a destreza do elfo pensando “Hmm, esse orelhudo certamente será muito útil”. Kálina mandou uma flecha no orc com o joelho incapacitado e o matou. Sobrou apenas um orc na presença dos anões, Kálina lançou mais uma flecha, mas errou, ele então levantou a cimitarra e pulou em cima de Balrum.

Do outro lado da colina, ficou escondido olhando o elfo desconhecido, e o viu parado e tenso, segurando duas adagas, observando atentamente o chão à sua frente. Ao redor, formava uma neblina espessa e esverdeada que, por alguma razão maléfica, tornava os movimentos lentos. De repente, viu o chão se abrir e dele sair um horrenda criatura, um morto-vivo. Quando Fëanorino elfo se deu conta, a criatura vinda do mundo dos mortos estava diante de si, com roupas que um dia foram belas, mas que agora estavam rasgadas e podres. A criatura olhava diretamente para o elfo desconhecido, mas não tinha olhos, apenas concavidades vazias onde deveriam estar os globos oculares. A criatura pareceu encher seus pulmões imaginários de ar e em seguida urrou longamente a partiu para cima do elfo, como alguém que volta a vida num semi-corpo morto e repleto de dor. Fëanorino, reuniu sua pouca coragem e correu para ajudar o elfo, sacando da espada e atingindo a criatura. Sentiu nojo da criatura e do seu hálito de morte, mas não estava preparado para morrer, não nesse dia. Sentiu calor em suas mãos novamente e começou a duelar com a criatura com sua espada. O monstro se defendia com os antebraços e parecia quase não sentir o dano das espadadas. O elfo das adagas surgiu atrás de Fëanorino, e se escondendo atrás dele, com alguns movimentos rápidos apunhalava o monstro na barriga e no peito.

Loriel e Kálina ouviram o urro da fera e desceram a colina correndo para socorrer o novo amigo. Balrum se esquivou do ataque orc num pulo e num segundo movimento cortou a cabeça dele fora com o machado. Eles não tinham tempo para brincar, tinham que ajudar nos acontecimentos do outro lado da colina e começaram a contorná-la correndo. Margarida arriscava olhadas rápidas dentro de sua sacola e percebia que o caranguejo ainda se movia de maneira fúnebre, o perigo ainda era real.

Fëanorino não era bom com armas, mas estava lutando por sua vida, com toda a sua força. O monstro, porém, segurou a espada de Fëanorino pela lâmina e atirou-a para longe, em seguida, com a outra mão segurou o elfo pelo rosto com sua mão gélida, quando duas flechas lhe atingiram as costas e ele largou o rosto de Fëanorino, que caiu desmaiado no chão, olhando para trás observando Loriel e Kálina descendo a colina aos pulos com os arcos e flechas a postos. O elfo das adagas então teve uma oportunidade única de enterrar ambas as adagas no peito do monstro desatento. A criatura então soltou um guinchado estridente e ensurdecedor que fez o elfo recuar, carregando Fëanorino nos braços.

Quando os anões terminaram de contornar a colina, viram a nuvem esverdeada. Loriel e Kálina, agora mais perto, atiraram mais duas flechas cada um que atravessaram a nuvem esverdeada sem atingi-la de fato. Loriel, então, gritou para todos correrem. O elfo passou por ele rapidamente, com Fëanorino ainda nos braços, mas teve tempo de dizer, enigmaticamente, “agora tudo piorou”. E Loriel, num ato de extrema coragem, continuou a lutar, mas cada massa de vapor cercou o elfo por um lado e mais rápido que um relâmpago entraram pelos orifícios do elda: ouvidos, narinas e boca, e foi assim que Loriel beijou a morte e sentiu o seu gosto de fim ao cair desfalecido e sem vida na grama verde, aos pés das Colinas do Vento, numa noite de inverno escura, e o brilho das estrelas se apagou. O mal passou, mas levou consigo o bravo Loriel, dos Doze Anéis, o Arqueiro de Lórien, e foi assim que o caranguejo de Margarida terminou o seu passo em sua mão e ela soube que a batalha acabara, mas o mundo estava mais triste e disforme.

No silêncio que se seguiu, os olhos dos recém-amigos olhavam ora para o corpo inerte de Loriel, ora para o corpo semi-desfalecido de Fëanorino, que o elfo colocara no chão. Era tarde demais para Loriel, mas com seu poder de cura, o elfo salvou a vida de Fëanorino.

Ainda atônitos, todos fizeram o caminho de volta e acamparam nas margens de um bosque (que não haviam percebido até então) a alguns metros do pé da colina. Ali, mesmo com a profunda tristeza, tinham que discutir coisas práticas. O que fazer com o corpo de Loriel? Para onde ir, agora? E muitas outras perguntas para esse novo companheiro. Enquanto isso, Fëanorino se debulhava em lágrimas e Margarida chorava silenciosamente. Decidiram, por fim, deixar o corpo de Loriel no bosque, junto à natureza que ele tanto amava, e, ao amanhecer, continuar a jornada para o norte.

E Fëanorino fez uma homenagem a Loriel:

“Ó Elbereth, ó Gilthoniel!
Inda lembramos, nós que moramos
Nesta lonjura, em matas silentes,
A luz dos astros nos Mares Poentes.”

[e voltou a se debulhar em lágrimas]

A bravura de Loriel não seria esquecida.


LOST

Participação especial: